Parece que a natureza está, por estes dias, fortemente determinada em levantar o meu astral, mesmo que os motivos para que isso suceda continuem a não abundar. Mas como é sexta-feira e um fim-de-semana relaxado e descontraído está mesmo à porta, hoje resolvi fazer um esforço e deixei-me levar por este sol maravilhoso e cintilante que brilha em todo o seu esplendor e não quer deixar esmorecer os meus desejos, mesmo que a vontade de os vivenciar não abunde.
Às vezes, no silencioso sufoco da conturbada e estranha contemporaneidade que nos tem vindo a oferecer ultimamente, dia após dia, insaciavelmente, um lamentável espetáculo de selvajaria, destruição, egoísmo e caos, torna-se imperioso enveredar por uma espécie de fuga para a frente, no momento de sair à rua e decidir qual a melhor máscara que nos poderá ajudar a disfarçar as mágoas que nos atormentam e pelas quais não conseguimos sentir qualquer desdém. Hoje foi isso e isto que me inspirou quando abri, de par em par, o meu cada vez mais antiquado closet...
Adoro quando o verão se insinua assim... num vai e vem algo inconstante e quase tardio, quando ele provoca e atiça num novo espreitar. Quando já parecia que a eternidade nos separaria, eis que ele me proporciona um novo usufruto. Oxalá não seja o último...
A azáfama dos dias é para ser vivida sem que os contratempos, as desilusões, as responsabilidades, os dramas profissionais, a angústia das decisões difíceis e o prazer dos projetos concretizados se sobreponham a um bem que deve ser sempre maior do que tudo isso... A preservação da tua auto estima interior e exterior e a certeza de que, mesmo sozinha, és capaz de enfrentar o mundo inteiro, mesmo naqueles dias em que ninguém parece querer apostar em ti!
Tempos de intempérie são também tempos de esperança e de renovação, principalmente numa época em que se recorda um bem tão precioso como é o da liberdade. De facto, quando imagino como seria viver há meio século atrás neste pequeno jardim à beira mar plantado e constato a realidade atual, mesmo tendo em conta o contexto pandémico conhecido, é incomensurável a distância entre aquilo que estava vedado e a imensidão de possibilidades que anseiam ser descobertas pela nossa imaginação, mais ou menos fértil.
Festejando esta liberdade conquistada, sinto que algo como Marraquexe aguarda por mim um dia e acredito que ansiosamente, do lado de lá do estreito onde desagua um mar quase lago e que há muitos séculos viu despontar, muitas vezes com sangue e morte, uma aurea de classicismo civilizacional que tanto me agrada e que deixou definitivamente para trás da etapa inicial da história da existência humana uma primitiva e irracional barbárie, poderei viver uma das etapas mais bonitas da minha existência.
Qual é coisa qual é ela que acabou de chegar com o início do ano? Os saldos de inverno, pois claro. Essa palavrinha mágica tão amiga da nossa carteira e dos bons investimentos, de todas nós, amantes de compras, que mesmo neste período pandémico não perdemos a tentação de acrescentar ao nosso closet aquele trapinho que andamos a namorar à meses ou uma oportunidade de última hora que ajuda a enriquecer ainda mais o armário das nossas preciosidades texteis.
De facto, saldos são também a altura ideal para renovarmos o nosso guarda-roupa, investindo em peças de maior qualidade a preços bem simpáticos. No entanto, e porque sabemos que a época dos descontos costuma ser sinónimo de compras desmedidas, muitas vezes de coisas que nem necessitamos ou que alguma vez usamos, sugiro que estabeleçam sempre previamente um orçamento ou que façam previamente uma wishlist, para que se compre do modo mais racional possível. Deixo então sugestões que considero imperdíveis...