Às vezes entristece-me o facto de serem poucos aqueles que entendem a necessidade que tenho de, regularmente, abandonar este casulo que por vezes me sufoca, para poder ser, mesmo que esporadicamente, uma encarnação mais assertiva e concreta do meu próprio eu. No entanto, admito que não me posso queixar em demasia porque tenho a sorte de poder partilhar todos os meus anseios sem ser recriminada e, também por isso, valorizo imenso quem sabe bem daquilo que falo e conforta-me ter a noção de estar em tão boas mãos tal conhecimento.
É intrigante tentar compreender porque razão a natureza nos oferece tantas vezes uma máscara que depois confirma-se não servir, sem que pudessemos trocá-la entre nós, nem que fosse só por breves instantes, qual cromos de uma caderneta bastante requisitada, para podermos também experimentar aquela máscara, o outro lado e, consequentemente, aquele fato que realmente nos serve e melhor se ajusta aquilo que fervilha bem no fundo do nosso âmago. E depois, quando se vê uma luz ao fundo do túnel, um simples ponto cintilante cuja perceção é mais do que suficiente para, de algum modo, colmatar com elevada eficácia estas nossas lacunas, acaba por ser difícil lidar com a pouca disponibilidade que a situação suscita, havendo dias em que tal carência se torna de certo modo insuportável, confesso... Seja como for, não deixa de ser reconfortante tal partilha.