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My Guilty Pleasure

My Guilty Pleasure

Gosto de saias.

Gosto de saias, confesso. Talvez até goste ainda mais de vestidos do que de saias, mas se me puser agora aqui a falar de vestidos, enfim... isso já seria abusar demasiado da vossa paciência e expôr-me ao ridículo de dissertar sobre uma dimensão estratosférica das coisas de que materialmente mais gosto. Falar de vestidos até se torna, às vezes, na proporção exata, algo obsessivo, confesso. Entusiasma-me de tal modo que pode, nos momentos de maior furor, fazer-me perder um pouco a razão e a noção do razoável. Mas voltando às saias, digo e repito: Gosto de saias. E gosto tanto que não percebo como há mulheres que não gostam... E não me venham com a desculpa da anca demasiado larga, ou do glúteo mal definido, da coxa bastante grossa ou da perna curta com que a mãe natureza presenteou. Nesta vida, só não há remédio para aquilo que nós sabemos...

Ao contrário do que acontece com a esmagadora maioria das mulheres, eu tenho uma dificuldade enorme de, no dia-a-dia, vestir um par de calças. E até gosto muito de jeans, por exemplo, e às vezes apetecia-me usá-los mais, principalmente os dois pares push-up que estão pendurados no meu closet, admito. E esse é um dos meus maiores pontos fracos, no que à minha apresentação diz respeito, também por causa da profissão que me obriga a algum rigor na escolha diária do meu look. Mas há outro aspeto da minha existência que justifica este gosto.

Gosto de saias, confesso. E nesse tal aspeto há dois factores que influenciam decisivamente esta constatação, óbvia para aqueles que melhor me conhecem, porque já sabem muito bem o que a casa gasta. Refiro-me, por um lado, à educação algo puritana que recebi, de uma mãe ainda mais feminina que eu, que me mostrou duas realidades distintas. De uma delas eu fugi a sete pés e procuro fazer sempre o oposto, até porque sei que se ela fosse tão livre no seu tempo como eu sou no meu, seria como eu. Refiro-me a um exacerbado conservadorismo e uma rigidez de regras e comportamentos familiares e sociais que defendiam, por exemplo, que uma senhora não pode, em circunstância alguma, distanciar-se daquilo que seriam, na gíria comum, as atitudes certas de uma mulher. A outra coisa que aprendi com a minha mãe, e essa eu procuro imitar ao máximo, quer na filosofia quer no modus operandi, foi a noção de feminilidade, geralmente levada por ela quase até ao extremo. E acaba por ser neste traço do caráter dela de que eu me apropriei com um certo deleite e com unhas e dentes, que entra este meu gosto por saias.

Hoje escolhi esta... Chegou a ser dela, da minha mãe. Foi restaurada depois de ter sido descoberta num baú da garagem juntamente com outras preciosidades e tecidos que ainda aguardam destino... E restaurei-a cuidadosamente e com amor, de certeza com o mesmo amor com que um rapaz se responsabiliza por aquele carro ou aquela motorizada antiga que foi do pai e que ele também quer um dia conduzir para o homenagear e porque ele era para si um modelo. As saias e os vestidos são os veículos que eu tenho para conduzir que a minha mãe me deixou... E sou feliz por poder dar vida a alguns!

 

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