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My Guilty Pleasure

My Guilty Pleasure

Hoje a minha melhor amiga faz anos.

Hoje a minha melhor amiga faz anos e, por isso, o dia vinte e sete de março não é para mim um dia qualquer ou igual a tantos outros que passam despreocupadamente pelo geralmente aborrecido calendário da minha vida, sem deixarem qualquer impressão ou marca que os torne menos indeléveis e distintos que os outros. E aquela que comemora hoje mais uma primavera, além de ser a minha melhor amiga é, também, a minha única verdadeira amiga, razão pela qual não posso deixar de homenageá-la publicamente neste dia tão especial.

Além de mãe e esposa dedicada, ela é uma profissional excelente, apesar de subvalorizada no seu ramo e tem um bom gosto extraordinário relativamente a muitas coisas com as quais me identifico particularmente, não só relacionadas com moda, mas também com futebol e culinária, ou arte e literatura, por exemplo. Ela moldou, pacientemente e ao longo de vários anos, aquelas que são algumas das minhas características essenciais e definiu, com paciência e arte, não só muito do meu estilo como grande parte da minha personalidade.

Ela é, claramente, o verdadeiro paradigma daquilo que deve ser, na minha opinião, uma mulher ativa, moderna e bem sucedida e continua a funcionar para mim como uma espécie de modelo, mesmo nas situações em que, por força das nossas diferenças, parecemos ter modos de pensar e de ser completamente opostos.

Parabéns, querida amiga! Que os anos continuem a passar por ti com essa ligeireza habitual e que sejam sempre contados com o sorriso no rosto que tão bem te carateriza. Que esse brilho no olhar que nunca te larga, mesmos nos instantes mais melancólicos e contemplativos, também nunca desvaneça. Que os teus anos futuros continuem a ser anos felizes e vividos em plenitude, páginas que vão-se fechando e abrindo como uma leve e delicada brisa que em vez de te desgastar, apenas molda e aperfeiçoa tudo aquilo que guardas dentro de ti e que faz de ti uma das pessoas mais bonitas à face da terra.

Obrigada por tudo, minha melhor amiga!

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Copo meio cheio ou meio vazio.

Nunca fui de alimentar meios termos ou de fomentar o limbo, nem nunca permiti, em consciência, que se deixassem as coisas por fazer ou de modo a suscitar, por não terem um epílogo, feliz ou infeliz, um vaivém constante. Gosto de pensar que não gosto de deixar nada ao acaso e, por isso, também abomino teorizar ou praticar situações na minha vida que possam analisadas à luz daquela famosa permissa do copo meio cheio ou meio vazio.

Assim, se na minha existência e nas minhas relações pessoais gosto de tomar as rédeas e ser decidia, nos vestidos, acabo por, claramente, personificar este minha maneira de ser. Assim, ou o trapo fica por ali, meio palmo acima do joelho (ou até um bocadinho mais acima... dependendo da circunstância e do meu objetivo nesse momento, se é que me entendem!), ou então levo a baínha até bem cá abaixo, até roçar o chão que piso. Ficam alguns dos vestidos longos que mais me fascinaram ultimamente...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Ecos de um compromisso.

Dançando de passo apressado, ruborizada, desgovernada, inquieta, assustada, envergonhada e até sentida, passeio fora, numa avenida cheia de carros a apitar e de pessoas compenetradas com os seus dilemas existenciais, ao sabor de um vento que insiste em soprar com uma intensidade anormal para a época, cheguei finalmente ao ponto mais longínquo do local de partida e encostei-me áquele semáforo que teimosamente demorava, até com um certo ar de gozo, a dar-me prioridade de passagem, enquanto desconstruia na minha mente tudo aquilo que me tinha sucedido poucos minutos antes.

Era uma manhã normal de trabalho. O blazer impecavelmente pendurado no encosto do meu cadeirão aconchegava-me a leve brisa que uma janela entreaberta nas minhas costas deixava entrar para arejar um espaço humidificado por semanas inteiras de um inverno de rigores e enquanto alguns colegas riam baixinho, de telemóvel em riste, outros, com ar sério, desfolhavam vários dossiers, em busca daquela informação periclitante que os permitisse descer para o almoço com a sensação de dever cumprido. Pouco depois era informada da chegada do meu esperado segundo compromisso da manhã (o primeiro, de outro género completamente diferente e nada profissional, tinha sido ainda em casa, no meu leito, porque é nas madrugadas que o dia começa).

Descruzei as pernas, passei as mãos ao de leve para ajeitar a saia de pele preta, que terminava impecavelmente meio palmo acima do joelho, alinhei o cabelo com dois ou três dedos, firmei os calcanhares contra a palmilha do stilleto prateado e levantei-me com a minha habitual descontração, segurança e sobranceria, para me dirigir à porta do gabinete. Aí chegada, ofereci o meu melhor sorriso, sem falsas hipocrisias, verdadeiro e honesto, estendi o meu braço e ofereci a minha mão para um cumprimento formal, mas até algo caloroso, seguindo-se a já esperada mudança de direção rumo à minha secretaria onde, antes de me recostar, deixei o obrigatório convite, com outro sorriso, para que a cadeira defronte da minha, do outro lado do tampo da mesa, fosse devidamente ocupada.

A conversa demorou o tempo esperado, uma meia hora, com o maior profissionalismo possível, os assuntos tratados foram debatidos com interesse e tudo sucedeu de modo expedito, sem surpresas, com o sumo da reunião a corresponder e a superar até as expetativas iniciais de ambas as partes. No final, estando já ambos de pé, um novo cumprimento, o acompanhamento da praxe até à saída, com mais um sorriso e, no regresso, um desvio à casa de banho porque a bexiga desde a segunda metade da reunião tinha decidido, sem contemplações, dar sinais de si.

Em dois minutos a bexiga ficou aliviada e o serviço despachado na sanita branca forrada a renova de dupla folha. Levantei-me, ajeitei com um malandro abanar de ancas a cuequinha, a meia de vidro e a saia quando, de repente, ao verificar se a blusa estava bem esticada e alinhada, o universo parou de girar, os ponteiros dos relógios estagnaram e tudo parou em redor! O pânico apoderou-se de mim, fiquei a tremer descontroladamente, atónita e surpresa... Como é que foi possível que durante toda aquela reunião a minha blusa tenha estado com dois estratégicos e fulcrais botões indevidamente desabotoados?

Upssss... Ele está-me a ligar, quer reunir-se de novo comigo amanhã. Diz que considera haver alguns aspetos da proposta inicial e posteriormente aprovada que precisam de ser melhor escalpelizados e que prefere fazê-lo pessoalmente e o mais rápido possivel! Não precisava era de ser logo dois dias depois...

Óscares 2018 - Red Carpet

Em mais uma cerimónia dos Óscares, a Red Carpet acabou por despertar a minha atenção até porque, como se veio a verificar, não aguardava grandes surpresas no que diz respeito aos prémios. Ficam então os meus destaques, no que diz respeito aos vestidos, de mais uma cerimónia plena de glamour e bom gosto!

Imagens Vanity Fair.

Elisabeth Moss mostrou-me dois pólos completamente opostos, relativamente ao que se pode observar numa cerimónia deste género... Um tecido deslumbrante, rico, intensamente feminino e maravilhoso e que serviu para fazer um vestido que tinha tudo para ser um dos destaques maiores da cerimónia, mas que se espalhou ao comprido naquele cinto... Foi pena!

Elisabeth Moss

Um dos trapinhos mais irreverentes da Red Carpet deste ano e que acabou por favorecer que o usou, além de destacar a sua personalidade foi este de Kevin Mazur Rita Moreno, uma das atrizes mais talentosas da atualidade e que acaba por potenciar todos os atributos do vestido que usou.

Nicole Kidman deslumbrou, talvez em demasia, com o tecido de um vestido que mostrou uma das grandes tendências dos últimos anos e que adoro, o cai cai, mas não com este formato e este corte demasiado retro. Desiludiu-me imenso até porque coloco sempre enormes expetativas no seu trapinho.

Nicole Kidman

Acho que esta exuberância de St. Vincent não se adequa a uma Red Carpet oscariana e, por isso, não gostei desta escolha curiosa da cantora, que me pareceu algo vulgar. O próprio corte do vestido não a favorece particularmente. Mas os sapatos são lindíssimos, admito!

St. Vincent

Kelly Marie Tran costuma ser uma das atrizes que melhor sabe destacar a sua feminilidade, fazendo-o desta vez num vestido que destaca todos os seus atributos. Mas acho que exagerou um pouco no decote.

Kelly Marie Tran

De volta ao vermelho, adoro este tipo de vestidos e a Allison Janney ficou lindíssima. A fluidez do tecido nas mangas abaixo do joelho é um pormenor muito feminino e o decote é espetacular, perfeito para as suas medidas, assim como a pequena cauda. Quanto ao colar, não consigo imaginá-lo com outro look... Fabuloso!

Allison Janney

A Gina Rodriguez é já uma veterana destas andanças e raramente faz opções erradas. A cor e os detalhes do tecido deste vestido são muito bonitos e o resultado final, sem deslumbrar, ficou fantástico!

Gina Rodriguez

Greta Gerwig ficou muito gira neste vestido amarelo cheio de detalhes preciosos, que parecem ter tudo a ver com a sua personalidade irreverente e divertida. Sendo um dos vestidos mais curiosos desta Red Carpet, é também um dos que melhor casou com a personalidade de quem o vestiu.

Greta Gerwig

Margot Robbie ficou uma verdadeira musa neste vestido que combina, na perfeição, com as estatuetas. Se houve um vestido na Red Carpet que parece ter sido feito mesmo propositadamente para a ocasião foi este trapinho absolutamente deslumbrante e que do decote aos detalhes, passando pelo tom, deixou-me boquiaberta!

Margot Robbie

Lupita Nyiong'o raramente desilude e os detalhes brilhantes e o corte deste vestido dourado e preto demonstram-no mais uma vez. Simplesmente fabuloso!

Lupita Nyong’o

O exotismo de Jennifer Lawrence ficou bem patente no sedutor encanto de um vestido que dispensava, claramente, aquela sobreposição na parte da saia. Mas o trapinho é, realmente, qualquer coisa...

Jennifer Lawrence

A sempre esbelta Allison Williams não deixou os seus créditos em mãos alheias (ou corpo alheio), embrulhada neste espetacular vestido, cheio de extraordinários detalhes e que fizeram dela uma verdadeira rainha cheia de glamour. Foi um dos looks mais bem conseguidos, sem dúvida!

Allison Williams

Zendaia deslumbrou neste espetacular vestido castanho Kevin Mazur, que surpreende pela mistura feliz entre arrojo, feminilidade e simplicidade. Amei!

Zendaya

Adorei o tom e corte deste trapinho da Eiza González, que só peca por não ter ousado um pouco mais no decote. Mesmo assim, para ele tenho apenas uma palavra... Fantástico!

Eiza González

Lindsey Vonn surpreendeu-me com este vestido, que apesar de ter alguns detalhes fabulosos, não valoriza particularmente a sua silhueta, assim como a cor. A transparência aos quadradinhos acaba por tornar um pouco vulgar o resultado final, já que, quanto a mim, mostra de modo pouco sensual algumas das partes do seu corpo.

Lindsey Vonn

Como seria de esperar, Taraji Henson foi uma das musas maiores da passadeira deste ano. Apesar de volumoso, este vestido não deixa de exaltar todas as suas curvas, além de ser extremamente feminino e glamouroso, devido às transparências e à sobreposição de tecidos. Não faz particularmente o meu género, mas adorei o resultado porque acho que se adequa à personalidade da atriz.

Taraji P. Henson

Janet Mock deslumbrou com este vestido branco cheio de detalhes lindíssimos, em especial na cauda, mas a sobreposição nas costas retirou ao trapinho algum do encanto.

Janet Mock

Este Frazer Harrisson azul da Jennifer Garner tem tanto de ousado como de inusitado. Adorei a sobreposição de tecidos, mas retirava a alça e a cauda, substituindo pelo simples cai cai.

Jennifer Garner

No tom do tecido e nos detalhes metálicos, Salma Hayek seguiu uma das tendências atuais, mas não gostei nada dos folhos da parte de baixo do vestido. Uma das minhas maiores desilusões.

Salma Hayek

 

Gosto de saias.

Gosto de saias, confesso. Talvez até goste ainda mais de vestidos do que de saias, mas se me puser agora aqui a falar de vestidos, enfim... isso já seria abusar demasiado da vossa paciência e expôr-me ao ridículo de dissertar sobre uma dimensão estratosférica das coisas de que materialmente mais gosto. Falar de vestidos até se torna, às vezes, na proporção exata, algo obsessivo, confesso. Entusiasma-me de tal modo que pode, nos momentos de maior furor, fazer-me perder um pouco a razão e a noção do razoável. Mas voltando às saias, digo e repito: Gosto de saias. E gosto tanto que não percebo como há mulheres que não gostam... E não me venham com a desculpa da anca demasiado larga, ou do glúteo mal definido, da coxa bastante grossa ou da perna curta com que a mãe natureza presenteou. Nesta vida, só não há remédio para aquilo que nós sabemos...

Ao contrário do que acontece com a esmagadora maioria das mulheres, eu tenho uma dificuldade enorme de, no dia-a-dia, vestir um par de calças. E até gosto muito de jeans, por exemplo, e às vezes apetecia-me usá-los mais, principalmente os dois pares push-up que estão pendurados no meu closet, admito. E esse é um dos meus maiores pontos fracos, no que à minha apresentação diz respeito, também por causa da profissão que me obriga a algum rigor na escolha diária do meu look. Mas há outro aspeto da minha existência que justifica este gosto.

Gosto de saias, confesso. E nesse tal aspeto há dois factores que influenciam decisivamente esta constatação, óbvia para aqueles que melhor me conhecem, porque já sabem muito bem o que a casa gasta. Refiro-me, por um lado, à educação algo puritana que recebi, de uma mãe ainda mais feminina que eu, que me mostrou duas realidades distintas. De uma delas eu fugi a sete pés e procuro fazer sempre o oposto, até porque sei que se ela fosse tão livre no seu tempo como eu sou no meu, seria como eu. Refiro-me a um exacerbado conservadorismo e uma rigidez de regras e comportamentos familiares e sociais que defendiam, por exemplo, que uma senhora não pode, em circunstância alguma, distanciar-se daquilo que seriam, na gíria comum, as atitudes certas de uma mulher. A outra coisa que aprendi com a minha mãe, e essa eu procuro imitar ao máximo, quer na filosofia quer no modus operandi, foi a noção de feminilidade, geralmente levada por ela quase até ao extremo. E acaba por ser neste traço do caráter dela de que eu me apropriei com um certo deleite e com unhas e dentes, que entra este meu gosto por saias.

Hoje escolhi esta... Chegou a ser dela, da minha mãe. Foi restaurada depois de ter sido descoberta num baú da garagem juntamente com outras preciosidades e tecidos que ainda aguardam destino... E restaurei-a cuidadosamente e com amor, de certeza com o mesmo amor com que um rapaz se responsabiliza por aquele carro ou aquela motorizada antiga que foi do pai e que ele também quer um dia conduzir para o homenagear e porque ele era para si um modelo. As saias e os vestidos são os veículos que eu tenho para conduzir que a minha mãe me deixou... E sou feliz por poder dar vida a alguns!

 

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